Ritmo, cor e poesia: artistas e parcerias culturais dão novo fôlego à devoção na 1ª Festa Popular de São Benedito em Lorena

Lorena, 5 de outubro de 2025 – A 1ª Festa Popular de São Benedito e o 45º Aniversário do Moçambique de São Benedito de Lorena mostraram que tradição e contemporaneidade podem caminhar juntas quando o que une é a fé e o amor pela cultura popular.O evento, realizado entre os bairros Industrial e Santo Antônio, reuniu expressões artísticas de diferentes estilos — do rap ao samba, do bastão do Moçambique ao grafite — formando uma verdadeira celebração da diversidade cultural e da comunhão comunitária.

Gabrielzinho do Rap: quando a palavra vira oração

Entre os momentos mais marcantes da festa esteve a apresentação de Gabrielzinho do Rap, artista que levou ao público uma composição inédita feita especialmente para homenagear São Benedito e o Moçambique de Lorena.A canção, intitulada “É Santo Preto”, mistura fé, identidade e resistência em versos que ecoaram por todo o bairro:

“É santo preto, isso é cultura popular.Que São Benedito venha nos abençoar...Quarenta e cinco anos não são quarenta e cinco dias.Viva D. Guiomar. Viva o Mestre Bira.”

Mais do que uma homenagem musical, a letra é um símbolo de reconhecimento à história do grupo e às raízes afro-brasileiras que sustentam a manifestação. Gabrielzinho, conhecido por unir o hip-hop à espiritualidade, destacou que “fazer parte desse momento é cantar a força do povo e transformar a fé em som”.

O batuque que une gerações

A energia da Bateria Show da Escola de Samba Nova Lorena tomou conta da festa durante a tarde. O grupo trouxe o samba para o coração da celebração, mostrando que o batuque, em qualquer forma, é uma linguagem de resistência e alegria.Os ritmistas, com seu talento e entusiasmo, deram ritmo às homenagens e contagiaram o público, reforçando a ligação entre o samba e o Moçambique — duas expressões nascidas da ancestralidade negra e da criatividade popular.

Capoeira do Professor Thuca: jogo, ancestralidade e comunidade

A Capoeira do companheiro Thuca formou uma roda que uniu berimbau, atabaque e pandeiro ao canto das ladainhas em louvor a São Benedito. Entre o gingado, os toques e a mandinga, a apresentação reafirmou valores de respeito, disciplina e pertencimento — mostrando como a capoeira, assim como o moçambique, educa pelo corpo, pela música e pela história compartilhada. A roda atraiu crianças, jovens e antigos mestres, reforçando a ponte entre gerações e a força pedagógica da cultura popular.

Arte e fé nos muros: grafite de Mateus Elok e Malu

Outro ponto alto do evento foi o grafite realizado pelo artista Mateus Elok e sua filha Malu, que transformaram paredes em telas de devoção. O mural, colorido e simbólico, representou São Benedito, o povo moçambiqueiro e os elementos da festa — a dança, o tambor, a partilha e a fé.O trabalho foi feito ao vivo, diante do público, tornando-se um espetáculo visual e um registro permanente da celebração.“Cada traço é uma oração, cada cor é uma história que a gente quer manter viva”, afirmou Mateus, emocionado com a receptividade da comunidade.

Parcerias que fortalecem a cultura popular

As participações de Gabrielzinho do Rap, da Bateria Show da Nova Lorena e dos artistas visuais Mateus e Malu simbolizam uma nova fase do Moçambique de São Benedito: aberta ao diálogo com outras linguagens e gerações, sem perder suas raízes.Essas colaborações mostraram que a festa não é apenas um evento religioso, mas um espaço de troca, inclusão e continuidade cultural — onde o sagrado e o popular se encontram e se fortalecem mutuamente.

Um legado de comunhão

O evento reafirmou que a 1ª Festa Popular de São Benedito foi feita em comunidade, para a comunidade.Cada parceiro, artista e voluntário contribuiu para construir uma celebração viva, colorida e cheia de sentido.Com o apoio da Prefeitura Municipal de Lorena e a liderança afetuosa de D. Guiomar Aparecida Pires da Silva, o evento se consolidou como um marco na história do Moçambique — um encontro entre tradição, arte e futuro.

Fotos: Victor Abreu