D. Guiomar, mestra do Moçambique de São Benedito de Lorena, participa da 5ª CONAPIR e destaca avanços rumo à justiça racial
- Diego Amaro de Almeida
- 8 de out.
- 3 min de leitura
Brasília (DF), 15–19 de setembro de 2025 — A mestra e matriarca do Grupo de Moçambique de São Benedito de Lorena, D. Guiomar, integrou a delegação que participou da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), realizada em Brasília. O encontro, que reuniu mais de duas mil pessoas, marcou o retorno de um dos mais importantes espaços de diálogo sobre políticas públicas de enfrentamento ao racismo, à discriminação étnico-racial e à intolerância religiosa no Brasil, após sete anos sem realização.
Um espaço de reconstrução e compromisso público
Com o tema “Enfrentamento ao racismo e às outras formas correlatas de discriminação étnico-raciais e de intolerância religiosa: política de Estado e responsabilidade de todos nós”, a 5ª CONAPIR buscou consolidar diretrizes para igualdade de oportunidades e reparação histórica da população negra e afrodescendente. Delegados, convidados, observadores e expositores de todas as regiões do país dedicaram a semana à construção de propostas e ao planejamento de ações para fortalecer a cidadania, em consonância com a Constituição Federal.
Voz do Moçambique de Lorena
Para D. Guiomar, a conferência foi “uma semana importante de muitas trocas de conhecimento e saberes”, aproximando manifestações tradicionais e lideranças com forte representatividade para as pautas étnico-raciais.
“Tive a oportunidade de conhecer leis e políticas que, mesmo fazendo parte do Moçambique de São Benedito de Lorena desde 1981, eu ainda não conhecia. São instrumentos que podem fortalecer culturas que por muito tempo não tiveram acesso para se firmar e se tornarem reconhecidas — isso é democracia”, afirmou a mestra.
Ela também chamou atenção para desafios ainda presentes no campo do reconhecimento:
“Houve resistência de algumas lideranças em acolher os povos ciganos, que fazem parte da formação cultural do país e merecem atenção. É fundamental ampliar o acolhimento a essa minoria étnica no Brasil.”
Debates intensos, coerência nas propostas
As discussões em plenária foram intensas, e, segundo participantes, prevaleceu a coerência na formulação das proposições. Apesar de reconhecer que “ainda há muitos espaços a serem conquistados”, o saldo foi de avanços concretos na direção de condições mais igualitárias.
Nesse contexto, o Moçambique de São Benedito de Lorena se sente incluído — não apenas pela presença na conferência e pela tomada de consciência, na figura de D. Guiomar, de um Brasil mais rico e diverso, mas também pelos frutos de políticas públicas em consolidação. Esses avanços têm possibilitado registrar e divulgar a história, a cultura, a fé e a tradição do grupo, por meio de apresentações culturais, oficinas em escolas e universidades, publicações (livros e cartilhas), documentários e convites cada vez mais frequentes para festas, reuniões e manifestações.
Novos tempos exigem diálogo e acolhimento
Para a mestra, os sinais são de “novos tempos”, que exigem “abertura ao diálogo, acolhimento e respeito às diferenças”.
“Ações como a CONAPIR garantem que vozes antes silenciadas hoje façam parte das decisões democráticas”, destacou.
Agradecimentos
O Grupo de Moçambique de São Benedito de Lorena agradece:
Ao Dr. Robson Ferreira da Silva, Coordenador de Políticas para a População Negra na Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo;
Ao Prof. Denilson Costa, Coordenador das ações da Casa SP Afro Brasil de Lorena e Presidente do COMPIR – Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, pelo apoio constante.


































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